segunda-feira, 3 de novembro de 2014

prece do cotidiano.

minhas botas sujas de café. 
e ele que não me procurou e
 não me ligou só talvez em sonho.
e minhas roupas espalhadas pelo chão.
nunca te quis transformar em consolação,
 mas é
que esse teu cheiro de
 gente quente e proteção -
espero não ter que usar o guarda-chuva
na hora de voltar pra casa.
essa tua caverna que
 até hoje fico temerosa mas
não reluto quando ela me engole e
me aquece nesse lago castanho-esverdeado.
eu preciso cortar meu cabelo.
e que não venham com
 conversinhas freudianas porque
assim demasiadamente insensíveis
até machucam
a bateria do celular está acabando.
eu sei que é tudo sobre carência
cansativamente faminta - 
toda essa bagagem mofada e
 embaraçada se dissolve uma hora. 
não aguento mais esse clima maluco.

toda noite eu rezo pra continuar forte e
 indiferente mas
meu peito aperta aperta aperta e
não separa.


até tentei limpar minhas botas, mas o café manchou o couro.
como todas essas decepções.

Nenhum comentário: