minhas botas sujas de café.
e ele que não me procurou e
não me ligou só talvez em sonho.
e minhas roupas espalhadas pelo chão.
nunca te quis transformar em consolação,
mas é
que esse teu cheiro de
gente quente e proteção -
espero não ter que usar o guarda-chuva
na hora de voltar pra casa.
essa tua caverna que
até hoje fico temerosa mas
não reluto quando ela me engole e
me aquece nesse lago castanho-esverdeado.
eu preciso cortar meu cabelo.
e que não venham com
conversinhas freudianas porque
assim demasiadamente insensíveis
até machucam
a bateria do celular está acabando.
eu sei que é tudo sobre carência
cansativamente faminta -
toda essa bagagem mofada e
embaraçada se dissolve uma hora.
não aguento mais esse clima maluco.
toda noite eu rezo pra continuar forte e
indiferente mas
meu peito aperta aperta aperta e
não separa.
até tentei limpar minhas botas, mas o café manchou o couro.
como todas essas decepções.
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