dois pratos. dois copos. quatro talheres.
- Valentina, meu amor, eu vou deitar.
- tá.
- te espero pra dormir.
- eu já to indo.
ela arrumou a bolsa e os livros pra amanhã de manhã.
ela foi pro banheiro, tomou um banho, vestiu a camiseta velha dele, se deitou, apagou o abajur, fechou os olhos e suspirou.
toda a vida inteira que Valentina tinha agora.
todo o amor inteiro e tão suplicado, deitado ao seu lado e já respirando alto.
e os cachos vermelhos se enroscando nas mãos dele -
a vagabunda sendo dele.
somente dele.
não é mais James.
não é mais despedida.
não é mais desamor.
era o nó que as pernas dela já faziam com as dele e todo o caos diluído num só beijo no meio da madrugada. todo o amor do mundo dentro do peito e não doendo. todos os buracos trancafiados ganhando carinho e virando ternura, coisa boa, sobremesa de domingo, alegria pra moldura.
e agora é domingo, tarde de setembro, com flores, sorriso e simplicidade - sem mais drama, bilhetes derradeiros, hora de dança, aliança jogada na lama.
ela sorriu, se virou, acariciou os cabelos dele e deu-lhe um beijo atrás da orelha.
- boa noite, meu amor.
Valentina sendo feliz e agora dormindo toda noite numa mesma cama.
pra quem não precisa mais de meio tesão, meia saudade ou meio vazio.
pra quem não precisa mais de indiferença mal-resolvida.
o amor é muito mais que isso.
2 comentários:
Tou emocionado. Coisa mais linda.
O texto que eu procuro na internet há tempos e achei. Minha biografia fora gênero, tão íntima.
LINDO, Verônica.
me deu uma pontinha de vontade de saber o que é isso..
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