domingo, 8 de julho de 2012

antes que eu me esqueça.

de que lhe adianta ter domesticado o abismo se nem a profundidade você conhece, de que lhe adianta ter sido o primeiro a dar carinho se nem sabe de metade dos hematomas - dos rasgos, buracos, estragos: vê que cada eu te amo é um monstro vomitado.
não é porque você me amansa que eu mando embora a vagabunda agressiva que você sabe que existe - mas não conhece: e as outras que você conhece, não completa nem um décimo.
este é o tapa na cara que eu tantas vezes quis te dar e só não consegui.
ah, e tem a tua preguiça, a tua arrogância, a tua indiferença: que só não me nauseiam porque eu te amo - só não me ardem mais porque você me tem inteira. mesmo que não conheça metade.
este é o meu monólogo pra atingir, pra assustar, pra doer - e não, você não pode ir deitar.
todo o chute que eu lhe dou, é pra mostrar o quanto eu te amo, o quanto eu me enfio e me guardo e me engulo cada vez mais pra mim só pra te fazer feliz. não veja a minha violência e pense que é gracinha: não veja a minha raiva e pense que é charme, mentirinha, inspiração pra merda dos teus versos ou descrições - eu não sou agradável e nunca vou ser perfeita, não tente me transformar em arte.
somente enxergue, conheça e odeie tudo aquilo feio e podre que eu guardo dentro de mim, tudo aquilo amargo e selvagem que eu sou.
eu não fui feita pra se amar ou admirar - enxergue e conheça toda a merda existencial, traumatizada e complexada que você se meteu. e fuja, como todos os outros fizeram.
porque a tendência é piorar.

6 comentários:

Anônimo disse...

não briguem crianças

Marcelo R. Rezende disse...

Você só melhora, isso sim.
(E que se fodam as entrelinhas).

Thaís de Castro. disse...

uau! Adorei o seu texto, não sei se me vejo como o narrador ou como o a pessoa a quem vc refere.

Anônimo disse...

quem te ama de verdade não precisa te mudar para se sentir confortável

Anônimo disse...

não briguem crianças

Verônica Hiller. disse...

ah sim, então você quer falar sobre amar de verdade ?!