sábado, 16 de junho de 2012

Estocolmo.

(tudo fruto da imaginação, apenas. uma ideia velha que saiu pro papel só agora - talvez depois da porra louca doentia que são os parágrafos de Palahniuk.
um agradecimento à Lucas Bilk, pela ajuda e pela insistência - e se não gostarem, a culpa será toda sua!)



entenda que eu nunca quis receber o primeiro tapa, meu bem.
mas tudo aquilo foi inevitável. o outro cara. os olhares.
e depois o seu ciúme.
e depois, a sua fúria.
e sua fúria virando amor.
ou talvez a sua fúria fosse amor.
eu apanho puramente por amor - tem coisa mais adorável ?

meu bem, entenda que eu te amo.
e mesmo que pese, eu adoro a dor dos teus socos, dos teus chutes.

eu já não saio de casa faz uma semana. eu adoro a tua agressão, mas as outras pessoas não. elas perguntam e não entendem que isso não é nada além de amor. elas falam mal de você, meu bem. dizem que eu devo procurar a polícia. tudo um monte de besteiras. então eu só resolvi não sair mais. assim eu tenho mais tempo pra cuidar de você. lavar a sua roupa. limpar a sua sujeira. arrumar a nossa cama. fazer sua comida preferida.

eu amo o jeito como você manda.
é protetor.
mesmo que doa.
me excita.
e depois da dor, você me toma.
você me ama.
os seus carinhos se juntam aos meus hematomas.
o seu prazer se junta ao meu sofrimento.

eu choro e peço para você parar, eu sei. é que na hora eu me sinto tão triste, meu bem. mas eu te entendo. você precisa descontar a sua raiva em alguma coisa. e às vezes eu sou tão idiota. acabo sempre fazendo as coisas do jeito errado. sempre acabo olhando pro lado. sempre retribuo aos outros sorrisos. eu não te culpo, meu bem.

mas eu sou feliz.
as dores só ficam por fora.
eu sei que tudo isso só acontece porque você me ama.
e esse amor não pode ser só beijos e carinhos.
todo amor tem um lado feio, ruim, cruel.
e eu amo todo o seu amor, meu bem.

Um comentário:

Marcelo R. Rezende disse...

A gente, em verdade, tudo o que vier do cara: seja amor ou violência. Porque é adição, amor é isso, pior que cocaína!