sábado, 7 de maio de 2011

clara e crua de tão pura.

engraçado que sempre falam de se encontrar amores novos. assim mesmo no plural, amores. só que não pensam nas lágrimas, no nó de não sei o quê depois que ele te vira as costas – sim, pois esses amores precisam de um fim pra serem ditos no plural. o que eu quero dizer é: eu vi aquelas fotos. e desde sábado passado eu vivi leve de tanto chorar meus monstros. e eu explodi. explodi tanto que no dia seguinte acordei desorientada, havia acabado alguma coisa, eu sei, mas fim de quê ? eu só chorava por atenção, eu só quis um você-o-ama-e-recebe-isso-em-troca-eu-prometo-que-ele-lhe-pagará-com-juros-e-correção-monetária-o-todo-podre-que-te-causou e eu desmoronei tanto que só consegui me encolher indefesa no canto do quarto, no chão, impura de ainda sentir dor; é que desilusão não tem vacina, aviso prévio, sente-se sempre como se fosse a primeira vez – ou talvez seja só esse meu temperamento efêmero, não importa. acabou alguma coisa e eu não sei o que é: uma das minhas alegorias foi embora mas é que é tanto carnaval, tanta fantasia, que eu ainda não vi qual brilho foi embora. e agora o nó na garganta volta e eu sei que é culpa de ficar remexendo nesse dia, nessas lágrimas, nessa lembrança grossa de solidão, mas eu preciso expor minhas feridas, escancarar minhas falhas, esfarelar minha dor, grão por grão. eu só preciso gritar que vi aquelas fotos. que vi o coração que não era meu, que não era pra mim.
tudo isso me trouxe pra um caos que até ontem não existia.

só não me abraça mais. porque eu cheguei no ponto de sorrir falsa e engolir minhas angústias com limão e gelo, esqueci dos bons tempos e assumi uma coragem que só os que já perderam tudo adquirem. essa é a minha nova vida. essa é a minha nova proteção. esse é o meu novo amor: não te amar mais.


eu sei que demorei. eu sei que cambaleei. eu sei que ela é melhor em todos os aspectos. somente desapareça e não me peça pra te aplaudir jogando flores. depois que as lágrimas me regaram e mataram qualquer coisa de dentro de mim, contos de fadas sobre robôs não me encantam mais.

 até a próxima crise de abandono.

3 comentários:

Mariana Cotrim disse...

às vezes ver isso é bom. porque desperta na gente essa coisa de sentir tudo como se fosse pela primeira vez, e faz a gente entender que sempre vai ser assim, um ciclo vicioso, e que, como vc disse antes, vão nos obrigar a ficar em pé de novo.

Fil. disse...

off: menina, não conseguia postar meu comentário aqui! fiz uns malabares que nem recordo p/ chegar nessa página.

Chamou-me a atenção "mas é que é tanto carnaval, tanta fantasia, que eu ainda não vi qual brilho foi embora"

Fez-me resentir algo aqui... Algo de "sonso", de sensação de perda... Só que não soube dizer o que perdi. Se realmente tive, se realmente brilhou... Se realmente perdi!

Você sempre me dá uns arrepios, um frenesi de vida e machucados. E vida e machucados - tudo recíproco e inevitável.

E afável. Até essa solidão é afável.

Adoro devorar você!
<3
Devora eu?
<3

Brunno Lopez disse...

Não existe nada (leia-se NADA MESMO) mais fundamental do que essa afirmação. Nada substitui esse sentimento de superação, de galgar as montanhas dos relacionamentos passados, do inacabado, do decepcionante.
Ninguém pode lhe dizer o que fazer, ninguém espera uma ligação, ninguém precisa ser informado. É a sua vida que está com as cores da sua vida. Suas vontades. Independência emocional também merece feriados.

Aplaudi.