sábado, 12 de março de 2011

"eu vou sair, pra não te encontrar."

no meu baile eu não levei ninguém. distribui uns convites, fiz alguma propaganda, mas na última hora troquei o endereço, bebi as cervejas, ri pro espelho e falei de amor pras paredes; sai porta afora e me perdi. refiz tanto o reflexo daquele sorriso em mim que explodi de solidão e pousei morna sob as flores azuis.

minhas garras vermelhas me trazem força e lá vou eu cair no desconhecido e voltar cheia de rostos sem feições e desamores sem canções; tudo soa laranja pôr-do-sol através dessa fuga de qualquer Narciso, todos egoístas e charmosos, fazendo é meu amor se pôr, sem enterro, véu, pudor, minh'alma se veste calma e só desdenha destes telefones que nunca vão tocar.

meu outono começa adiantado e já faz meus sonhos caírem podres sob a grama seca da minha tremedeira contínua. pra não enlouquecer, eu uso de lá umas porcarias, decote, samba e laçarote, me tendo tanto que nada mais sacia essa vontade toda de mim; entrei pela porta da frente do coração e não quero mais sair, afinal.


"do lado direito da boca da moça, um leve vinco, como esses de quem apenas tem vontade de sorrir ou por alguma razão precisa esconder uma espécie de divertida amargura. mas no canto esquerdo, havia apenas dureza. ou vazio. ou nada disso, não importa." - caio f. abreu, o marinheiro.

4 comentários:

Mariana Cotrim disse...

você me descobre, eu te descubro, nós nos descobrimos. só isso.

Veronica Rodrigues disse...

Não saia desse coração menina. lindo como sempre.

Yohana Sanfer disse...

Não é tão fácil traduzir teus escritos, mas é bom sentí-los, cada linha e expressão...lindo moça!

Camila disse...

adorei essa citação no final (: