domingo, 9 de janeiro de 2011

"e se ela de repente me ganha ?"

o fim já está indubitavelmente oficializado por aqui, mas será que conseguirei também oficializar o fim do amor apenas propriamente sentido e atualmente jamais demonstrado ?

a verdadeira maldade da tempestade é chegar sem ser chamada, bagunçar o que está arrumado, destruir o que é concreto, deixar rastros infindavelmente cruéis e ir embora como se nada tivesse acontecido; e o que se deve tirar disto é se situar que apesar de tudo, apesar das vacinas e experiência, nosso terreno não fica exatamente seco o tempo todo. sempre haverá desabamento de amor-próprio; inundações de nostalgia; deslizamento de orgulho; transbordamento de descontrole; alagamento de melancolia; enxurrada de saudade; planos soterrados; equilíbrio emocional desalojado; amor desabrigado.
mudanças irremediáveis no horizonte da vida. consequências que faz perder todo o nosso rumo. decretos de situação de calamidade amorosa.

meu coração se tornou um mausoléu, enfim; onde jaz corpos de lembranças, carinho e parágrafos não lidos.

"recebeste meu pedido de socorro ?
entendeste meu desespero ?
me apagaste de tua vida ?"


o terreno de sentimento anda precisando de adubo, fertilizante.
a árvore de sorrisos anda perdendo a sinceridade, a vontade.
a borboleta anda cansando de caprichos, devaneios.
o jardim anda virando um mato descuidado, desacreditado.

e quando o tremor permanente das mãos se intensifica na presença de cafeína, meu exagero se concentra nas coisas ultimamente póstumas destes tempos, redendo melancolia desavisada, calma desatinada e ternura abandonada.



"maquiavel é republicano ou monarquista ?
o céu quer molhar ou iluminar ?
minha vontade é saudade ou ódio ?"

6 comentários:

Mariana Cotrim disse...

lindo, como sempre :/

Marcelo R. Rezende disse...

O amor, ou o afeto, tem sido preparado como único, inabalável, inatingível, quando a gente sabe que amor, de verdade, é aquele que sofre com tudo isso, mas supera.
Pode ser que não saia ileso, que sofra, que quebre e depois seja remendado, quem sabe apenas lasque. Mas é o que todos nós estamos sujeitos a passar, se, claro, tentarmos amar, passar da paixão.

Beijo, sua linda.

Guilherme Quintanilha disse...

lindo e doído.
parabéns.
beijo,

Fernanda H.A. disse...

Vontade de ficar por ai, fumar um cigarro e reparar no azul do céu.

Tati disse...

"o fim já está indubitavelmente oficializado por aqui, mas será que conseguirei também oficializar o fim do amor apenas propriamente sentido e atualmente jamais demonstrado?"
Isso me pareceu tão intimo, como se tivesse vindo daqui de dentro, como gosto de encontrar pessoas que sintam o mesmo ou que estejam no mesmo momento, de repente é para ter certeza de que não estou sozinha.
Lindo blog, lindas palavras!
Beijos...

Veronica Rodrigues disse...

É chará. Você é fera.

Um beijo enorme.