sábado, 27 de novembro de 2010

o jardim perdeu o encanto e a borboleta saiu voando, afinal.

não, nunca foi recomendável me deixar insegura e desinformada; eu sou impulsiva, se num milésimo de segundo eu sinto que fui enganada, eu armo meu bico, saio gritando com todo mundo, jogo qualquer coisa de quebrável na parede e depois começo a achar legal a idéia de voltar a ser a velha narcisista de sempre. E OLHA, eu estou tão bonita hoje.
nunca fui menina de truques e joguinhos, aquela que seduz e pisa em cima. se você espera que eu te faça sofrer, esqueça, eu não sei o que é isto. eu sou eu mesma; falo alto, dou risada escandalosa, pulo, danço, esperneio, não paro quieta, faço drama, me interesso por qualquer coisa diferente, falo o que penso, rio das piadas que fazem comigo, falo palavrão, sou espontânea, não sei ficar braba por mais de um dia com alguém, sou impaciente, tenho mil e uma expressões faciais, sou extremista, tenho opinião pra tudo, sou transparente; não sei ser indiferente, não sei imitar, não sei fazer de conta, não sei ser alguém além de mim.
se me quer, me queira inteira, sem tirar nem pôr; porque se eu te quero, eu me entregarei do jeitinho que eu sou, a alguém que deve ser do jeitinho que é. me agrade, que eu te agrado. me faça sorrir, que eu farei de tudo pra sorrires de volta.

o meu manual de instruções é simples, dr. RTFM.

pra me descobrir não é difícil. me dê um doce e conte uma piada, que eu já começo a soltar o verbo, a falar quem é feio e quem é bonito, quem é chato e quem é legal. 
eu me entrego, me jogo, faço tudo ficar mais intenso, abro aquele sorrisão por pouca coisa, distribuo  palavras bonitas pra qualquer um que me faz feliz; eu me faço de encantada e deslumbrada, engano todo mundo com essa "falta" de amor-próprio, mas só dê um sinalzinho de rejeição, que eu já apareço pronta pra te desdenhar e desprezar, com direito a uma lista imensa de todos os teus defeitos e esquisitices. sou feito espelho, refletirei tudo o que me botarem na frente: me destratou ? te destratarei. me amou ? te amarei. me elogiou ? te elogiarei. 

e do mesmo jeito que eu tenho essa mania de recíproca, agora eu só consigo olhar pros lado, assustada: cadê ? cadê o amor todo ? cadê a dependência de tua proteção toda ?
ficou. ficou com a aliança que eu joguei no teu colo e logo em seguida me pus a correr atrás do meu ônibus que já estava saindo, desapegada ao amor que sentia por ti, desapegada a raiva que naturalmente deveria sentir, desapegada as lágrimas que notoriamente deveriam cair, desapegada de tudo, desapegada de ti. 

eu já apanhei, me machuquei, me desiludi, me acabei. mas tô inteira, tô de pé, tô levando, pronta pra outra. eu mudei muito por amor, já fui mocinha, já fui vilã; mas lá no fundo, na minha essência, no bruto do meu caráter, este permanece intacto, seja quantas vezes que o meu coração foi despedaçado. nunca precisei de gente me cuidando, dizendo o que é perigoso e o que não é; sempre descobri tudo por mim mesma, sempre gostei de proteger quem eu amo e não o contrário, sempre vesti com muito orgulho a minha camisa de ariana nata. tua proteção me foi muito necessária, me reconstruí atrás da cortina sim, pois tu eras a cortina; mas agora que a cortina some e só sobra o palco com os espectadores, você não me faz falta, como deveria fazer.
e agora, sentada aqui nesta cadeira de sempre, na frente deste computador de sempre, com a agitação de sempre, eu observo todas as coincidências, todas as hipocrisias. e sorrio instantaneamente.

tu não fostes você mesmo comigo ? só lamento; eu fui eu mesma contigo e não me arrependo. vai ver por isto que não te amo mais, tão de repente; talvez eu amasse uma mentira, e quando se conta a verdade, pra onde a mentira vai ? desaparece. meu amor desapareceu a partir do momento em que fostes verdadeiro comigo, talvez pela primeira vez.

foi com keane que isto começou, foi com keane que isto acabou. foi com a velha saia-lápis vestida para ninguém que isto começou e foi com tal que acabou. foi com euforia que isto começou, foi com euforia que isto acabou. sem raiva, sem tristeza, sem culpa, sem arrependimento, sem lágrimas; te virei as costas como sempre fui, desde o início, contigo: pura, límpida, transparente.




but any way you look at this looks like the lovers are losing.
i dreamed i was watching
the young lovers dance
i reached out to touch your hair
but i was watching from a distance
we cling to love like a skidding car clings to a corner
i tried to hold onto what we are, the more i squeeze, the quicker we're over.
[...]
i dreamed i had nothing at all; nothing but my own skin. ♪

5 comentários:

Luiza Fritzen disse...

nossa, que texto forte. gostei de ver suas características. é importe que nós nos conheçamos. e que bom que o fim não doeu pra você. gostei do post, forte, real. beijos

Amanda Arrais disse...

Acho engraçado o teu jeito explosivo de ser e escrever, parece ligada na tomada o tempo todo.
Interessante te conhecer e como a Luiza disse: forte, real.

=*

Gleice Ribeiro. disse...

Passa lá no blog que tem um selinho para você :)

http://loucamentepensando.blogspot.com/2010/11/o-primeiro-selo-do-blog.html

Beijos!

Marcelo R. Rezende disse...

E eu acredito que todos deveríamos ser assim. Cada qual com uma dessas características mais fortes, pra dar uma diferenciada. Mas gosto dessa inquietude.

A cena de closer com o texto ficou perfeita. Amo o filme, o textp é lindo e tou te seguindo.

Beijo.

Mariana Cotrim disse...

eu adoro esse jeito de escrever, agressivo e tal. to te seguindo de volta. simplesmente AMEI o comentário que voce deixou, me senti importante, de verdade! :*