terça-feira, 4 de outubro de 2011

lá do fundo da minha sinceridade de Beatles.

aí eu me enrolei no teu paletó cinza-de-mafioso-galã-dos-anos-20. tinha também a fumaça do Marlboro que nem teu era mas que de qualquer jeito já nos predomina mesmo que sem querer. e mesmo perto daqueles cabelos meticulosamente arrumados de salão, daquelas maquiagens cuidadosamente impecáveis de novela e daqueles vestidos dignos de tapete vermelho, você repetia que eu estava linda, mesmo que meu batom vermelho estivesse epicamente borrado, meus cachos naturais bagunçados e meu vestido curto de veludo desalinhado. e eu ainda ouvi que nós combinamos até mesmo quando não queremos combinar.

não é mais sobre poesia, veja bem. cheguei num ponto que nem a metáfora mais destruidora consegue descrever a intensidade do que eu sinto por você, meu amor.
é.
meu (único-cara-que-eu-me-permiti-chamar-de) amor. até meu sistema imunológico grita vulnerabilidade quando tu vai embora, meu amor.

cada vez que eu te vejo, eu quero ser cada vez mais tua. não pergunta de que jeito. só sei que quero. e eu sou, meu amor. cada minuto que passa, eu sou mais tua. cada batida que o coração dá, eu te amo mais: do meu jeito, do teu jeito, de todos os jeitos que o universo consegue suportar. e eu me encolho de desespero só quando imagino você indo embora. e nem mesmo exigir tua presença na minha vida pra sempre eu consigo: você sempre foi tanto pra mim que pedir pra tu ser só meu é o mesmo que fechar os olhos e mandar que aquele sonho bonito vire realidade pra sempre, meu amor. se fosse pra falar isso pessoalmente, eu não falaria, porque eu veria a vaidade jorrar do teu sorriso, e todo mundo sabe que eu ficaria com raiva e pararia no ato com o romantismo. até porque, eu sempre fujo do romantismo, principalmente do teu. mas assim através de parágrafos, eu me desfaço da minha agressividade natural e inevitavelmente começo a falar de amor. e o amor de hoje, leitores, é grandioso. e inacreditavelmente correspondido.

é sobre o meu coração pesado, meus joelhos rasgados e minhas olheiras fundas que, de qualquer jeito, já são teus. e que você, agora, os cura da forma mais insuportável e linda possível. não com teus lirismos, cuidados ou sorrisos. isso eu ainda não consigo acreditar, toda aquela história de “é bom demais pra ser verdade”. mas sim com a tua voz todo dia só se dando ao trabalho de dizer que me ama. eu vou te confessar que quando se apanha tanto da vida como eu apanhei, ouvir assim sem pretensão um ‘eu te amo’ antes de dormir, é feito ácido nos olhos, meu amor; a vida te suplica pra esperar tudo com desconfiança e responder com violência. aí ver uma verdadeira cria de Dorian Gray, que eu já conheço de tempos pelo charme e canalhice mortais, se virar pra mim e dizer que me ama, é no mínimo desconcertante. mas que, afinal, é o desconcerto mais incrível que eu ando passando nos últimos tempos.

e eu sou tão cheia de defeitos, meu amor. tão cheia de trauma, falha, buraco, remendo. eu fico pequenininha do teu lado. eu viro nada diante da admiração que eu tenho por ti. eu amo errado mesmo. eu amo torto, idolatro a pessoa por dentro e visto meu orgulho gigante por fora. não sossego enquanto não tomar conta da vida de quem eu amo, mas resisto até o fim pra que saibam quem eu realmente sou, o que eu realmente vivi, senti e sofri. eu queria ser perfeita só pra poder merecer com dignidade esse amor que você tanto diz sentir por mim. eu queria conseguir te responder da melhor forma que poderia existir, e não desse meu jeito torto. eu sou errada demais pra você. tão desorganizada e imprevisível. mas completamente sincera quando digo que também te amo. completamente grandiosa quando teço minhas rimas pra ti, meu amor.

e até mesmo as Verônicas que você ainda não conhece, já são tuas. e já precisam incessantemente da tua presença por perto. e só pedem pra que você não espere muita coisa de mim, declarações grandiosas, lembranças inesquecíveis ou beijos cinematográficos na chuva. porque o que eu tenho de mais bonito e perfeito, eu já estou te dando. que é o meu amor. todo estranho e agressivo mesmo. mas puro e incondicional. único e exclusivamente teu, meu amor.

3 comentários:

Marcelo R. Rezende disse...

Selvagem, como só podia ser seu.
Ah, Verônica, por que tão única?

Jéнн Roυѕѕeηq disse...

me ama, Verônica. Sério.

Luis Macedo disse...

Sensacional!! "desfaço da minha agressividade natural e inevitavelmente começo a falar de amor." ;D