terça-feira, 24 de maio de 2011

just intimacy.

eu não o queria, nem ao menos o amava. e nem ele me amava certo, sempre todos cegos pela pressa brutal masculina. eu não sentia prazer mas amava a idolatria que ele tinha pela minha existência expressada em curvas. heroicamente egoísta, eu necessitava sua idolatria em mim pois vivia sozinha e amarga amando um frio que me amou certo sem jamais me amar.
não era amor mas nós nos amávamos, de qualquer jeito. não era alegria mas era o que eu tinha. era talvez até gracioso, mas passada a noite, levando os sapatos nas mãos, a melancolia caía salgada, plena e carregada, vendo o sol nascer, procurando o caminho pra casa. não era amor mas satisfazia, por ora, enquanto meu ódio pelo teu novo começo corroía qualquer chance de um recomeço pra mim, afinal. não era belo - pura vingança, aliás - mas me mantinha viva mesmo respirando a injustiça densa que tudo isso exala, enfim.



só mais eu mesma do que qualquer outra vez, talvez até extremamente vulnerável e desprotegida. não tão diferente de todos as outras vezes, mas que fez doer agudo pela manhã de 21. sobre o destino, de quando somente fechastes os olhos enquanto eu mergulhava num prazer absurdamente culpado.

8 comentários:

Ilzy Sousa disse...

E se a culpa deste post é minha, me declaro uma culpa feliz, aceito minha sentença de ter (mais) um pedaço de ti dentro de mim ♥

Leonard M. Capibaribe disse...

Como é bom saber que é possível ser amado... Que se pode viver e sonhar dentro de uma pessoa ser aquela pessoa destinada...

Letícia Silva disse...

adoro os seus textos porque eles são intensos, são cheios de sentimentos. como sempre é muito bom passar por aqui. um beijo

Marcelo R. Rezende disse...

Vingança amorosa, a arma que nós temos além das pernas abertas!

. disse...

''mas passada a noite, levando os sapatos nas mãos, a melancolia caía salgada, plena e carregada, vendo o sol nascer, procurando o caminho pra casa. não era amor mas satisfazia''
Sempre que a noite passa, e tudo vivido momentâneamente fica nas horas do passado, a saudade, o lirísmo, a melancolia toma morada, os sentimentos se fundem dentro de nós como se fossemos alimento, o alimento que eles precisam absurdamente para sobreviverem.

''enquanto meu ódio pelo teu novo começo corroía qualquer chance de um recomeço pra mim, afinal. não era belo - pura vingança, aliás - mas me mantinha viva mesmo respirando a injustiça densa que tudo isso exala, enfim.''

Eu que acho tão inexplicável e íncrivel essa nossa ligação e tua capacidade descrever meus momentos, e hoje Veronica querida, estou vivendo o momento do trecho acima, não é bom, eu nem gosto, mas a vingança me mantém viva. Se é o certo? Sei que não, mas as saídas me parecem tão escuras.
Escreves como se me conhecesses, e eu pareço sentir cada palavras, não preciso dizer mais nada, pois aqui todas as minhas palavras tornam-se vãs e repetitivas.

Calo-me e deixo que teus versos me descrevam, descrevam minha indignação, meus medos e fragilidades. Leio este texto ouvindo Devolva-me da Adriana Calcanhoto, e combina tanto com essa melancolia ofuscada pelo venono das noites.

ps: Desculpe o comentario extenso, mas não dá pra ser menor

2edoissao5 disse...

mesmo pecando, mesmo traindo um juramento no altar, mesmo diante de todo prazer que uma mulher pode sentir…não houve culpa!

Fil. disse...

Precisava ser idolatrada? Sim, precisava ser humana.

Humana amada - todos precisam... A culpa, ah, é peso que recai sempre.

Porque ninguem, ninguem e ninguém (aqui e ali, hoje e ontem) merece realmente ser amado.

Mariana Cotrim disse...

é sempre bom te ler, verônica. é sempre bom ser idolatrada, mesmo que for pelas curvas, ou pelos livros que a gente lê, ou por qualquer coisa. talvez seja melhor do que se arriscar num amor irracional, ao meu ver. ;~