sexta-feira, 27 de agosto de 2010

sobre agora.

não sei se foram as minhas palavras levianas, mas você não me chamou.
não sei se foi a minha inexperiência, mas você não me deu a devida atenção.

todos eles me tinham na mão e ambos me perderam. com um, fui eu demais; com outro, fui outra demais.

sobre o estado melancólico de conseguir perder duas vezes seguidas o tal do encanto;
e, acima de tudo, eu perdi o encanto em mim, eu não me acredito, eu não me confio. e não é falta de amor-próprio; é até um narcisismo meio exagerado. eu preciso de um carinho irrecuperável, de um abraço completo, de uma proteção inexistente. - e eu sei que eu mereço.

sobre quando faz um calor desigual e aqui dentro tudo é neve;
eu me escolho, enfim. eles são tão desumanamente perfeitos, que eu não consigo resistir aos meus defeitos dignos de desprezo. as minhas anotações desorganizadas, os meus sapatos espalhados pela casa, o meu machucado no lábio, a minha lixeira transbordando, a minha estante cheia de pó, as minhas unhas roídas, os meus livros empilhados; eu estava sentindo saudades de mim mesma, do meu gelo, do meu ártico. e não há mais espaço para alguém além de mim. e os macacos (:

sobre o último suspiro da esperança;
eu não dou mais ouvidos.

sobre a rotina incômoda;
eu não me preocupo mais.

sobre as lagrimas seguidas de risadas;
eu adoro.

sobre as sequelas;
são inevitáveis.

sobre eles;
ambos cartas fora do baralho.

sobre o futuro;
só há uma pessoa nele. e eu nem preciso dizer quem é.


agora vamos ter os girassóis
do fim do ano,
  e o calor vem desumano.
tudo irá se expandir,
crescer com as águas;
quiçá, amores nos corações.


  e um santeiro,
milagreiro,
prevê a dor
de terceiros
  e diz que a vida
  é feita de ilusão.

4 comentários:

Dani Ferreira disse...

Adorei tua forma de escrever.
é difícil conseguir se encontrar em meio a tanta confusão. Quando você disse ser muito você mesma e depois outra demais, dá pra entender. Afinal a gente nunca sabe o que esperam de nós :/ E fica bem como vos falou: calor por fora e neve pro dentro.
Beeeijo :*

R.L. disse...

Muito bacana.
Do caos vem a luz...

Tem conto no novo no blog!
Dê uma olhada ..

Beijos alcoolizados!

Rívia Petermann disse...

Olá

Talvez as deiciências,se assim devo chamá-las,não seja as palavras levianas,ou a ineperiência.Mas o não-chamado e a falta de atenção.

O que anestesia a vida e a existência em si.

Belo blog,belo post.Adorei!

Beijos!

GEMINUS disse...

por enquanto ainda não, mas acho que já se consegue ver o nosso fim :s