domingo, 22 de maio de 2011

vomitar - "v.t. expelir com esforço pela boca, (...) lançar violentamente para fora de si."

eu queria falar sobre os casaizinhos que se amaram enquanto eu dormia na calçada.
promíscua. embriagada. e majestosamente indiferente.

assim, essa coisa de raiva e rancor e perda e arrogância e pretensão e mais uma cerveja, por favor... me ajuda, vocês já viram ? essa coisa de esquecer como se chora, essa coisa de se reconstruir tanto que o que fica é só esse cinza. cinza-podre-orgulhoso-que-não-chora-mais-por-saudade-e-ri-quando-te-ve-amando. – hostil: e um grandioso vá pra puta que te pariu. eu não percebia que quando falei de Revolução Russa estava acreditando em qualquer “estou apaixonado por você” – afinal, “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”. me ajuda, tirei o negócio cor-de-rosa do peito, qué que eu faço agora ? cortei os cabelos, pintei as unhas de vermelho, não ouço mais músicas de amor, veja bem – ando roxa de tanto apanhar. amarga de tanto uísque. insolente de tanto amar. então me rasgue. me cuspa. me destrua. li Zaratrusta e você nem ao menos saberá o que isto significa – talvez seja aí que se encontra o problema de tudo: eu mudei, cresci e congelei, você come pierogi na praça da Ucrânia com o orgulho de Comtë e eu só sinto nojo. e você nem ao menos tem a escolaridade exigida, por favor!

nem eu estou me reconhecendo mais, não me pergunte sobre como tudo chegou a este ponto, por gentileza.

4 comentários:

Mariana Cotrim disse...

'promíscua. embriagada. e majestosamente indiferente.'.
e mesmo assim, maravilhosamente inteligente e perfeita!

Caroline V. Peres disse...

Esse texto está simplesmente FANTÁSTICO. Adorei!

Fil. disse...

mas depois do vômito vem alívio?

ando a qualquer passo, a qualquer calçada. Tão indiferente como você, nauseado de amor.

ai...

Marcelo R. Rezende disse...

A gente vomita pra poder se embriagar mais e manter fielmente o ciclo vicioso de auto-enganação.